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5 set 2013

Popularização põe MMA no mapa de lesões no joelho com 20% das cirurgias no país

A popularização dos esportes de combate no Brasil, com foco específico no MMA, não traz consigo apenas consequências favoráveis aos praticantes e fãs. O Instituto do Joelho do HCor (Hospital do Coração) em São Paulo divulgou recentemente um levantamento em que aponta que essa modalidade de combate já responde por 20% das cirurgias do gênero entre atletas brasileiros.

No entanto, os médicos envolvidos com o MMA nacional se manifestam contra qualquer tipo de alarde a respeito e tratam a estatística como uma consequência natural gerada pelo novo status de popularidade da modalidade,inspirada pela febre do UFC. Segundo eles, o aumento de incidentes deve ser acompanhado por um estudo consciente dos casos.

Apresentado com detalhes nas últimas semanas em um simpósio em São Paulo, o levantamento fecha análise no universo de cirurgias em atletas realizadas no segundo semestre de 2011, combinando intervenções em profissionais e praticantes amadores. Neste período, os esportes de lutas, liderados pelo MMA, ficaram na segunda posição. O futebol lidera com 70% do total. Modalidades como tênis, vôlei e outros respondem juntas por 10%.

“A articulação de joelho ainda tem o futebol como campeão das lesões ligamentares. Mas, de dois ou três anos para cá, registramos um aumento nos números de incidentes com as artes marciais. Principalmente o jiu-jitsu [um dos sustentáculos técnicos do MMA] é um gerador de lesões. E lidamos com atletas de todos os níveis, profissionais ou não”, afirma Rene Abdalla, médico responsável pelo Instituto do Joelho HCor.

“O fato de cada vez mais ser aceito, cada vez mais praticado. A competição é mais acirrada, a competitividade está cada vez mais alta, exigindo mais treino, o que cansa a musculatura”, acrescenta Abdalla sobre o diagnóstico do crescimento de lesões neste segmento.

Entre as lesões do gênero que acometem os lutadores, as mais comuns são a de ligamento colateral medial, ligamento cruzado anterior e de menisco, cartilagem que funciona como um amortecedor que suporta o peso do corpo e ajuda a estabilizar o joelho.

“[O MMA] combina vários mecanismos de lesão. Tem o trauma direto e o indiretos provocado pelos movimentos rotacionais, causadores de lesão. É um prato cheio como atividade física, mas apresenta um alto índice de lesão. Vários atletas romperam ligamento cruzado, o menisco e foram operados”, diz Ricardo Cury, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, que endossa a tese sobre o crescimento das lesões em lutadores estar ligado à popularização do UFC.

Entre os médicos que trabalham diretamente com o MMA existe a preocupação de que este tipo de estatística não vincule a modalidade a uma imagem de violência.

Marcio Tannure é um dos médicos responsáveis pelas edições do UFC no Brasil e integra o movimento para regulamentar uma liga de MMA no país. O profissional argumenta que o crescimento do número de praticantes é o que basicamente faz a modalidade aparecer no mapa das lesões.

“Precisamos criar certos protocolos. Existe uma fantasia de que o MMA tem muito mais lesões. Isso se deve ao fato de contar hoje com mais praticantes e de ter uma cobertura mais ampla. Trabalho com este esporte há dez anos. Há cinco anos ninguém me procurava para fazer matéria. As pessoas estão se interessando, por isso os números são proporcionais. A incidência não aumentou, o que aumentou foi o número de praticantes”, diz Tannure, que também atua no departamento de futebol do Flamengo.

O médico do UFC no Brasil diz que se dedica à produção de um banco de dados específico das lesões do MMA, em trabalho que, em seu entendimento, pode servir para derrubar mitos sobre o esporte.

“Precisamos esclarecer a opinião pública, colocar isso em número, quantos praticantes, quantas sessões de tratamento. Na verdade o número de lesões é bem próximo de outros esportes. Não tem nada de violento. É um esporte de contato, de trauma, ao contrário de práticas que não têm impacto, como tênis ou vôlei. Precisamos botar isso no papel, por isso estamos criando esse banco de dados agora”, declara.

“FUTEBOL É MAIS PERIGOSO PARA O JOELHO”

Fabio Ramos Costa é outro médico que acumula experiência entre o futebol e o MMA. O profissional cuidou do futebol profissional do Bahia durante dez anos e hoje acompanha a equipe de lutas do técnico Luiz Dórea, que conta, entre outros, com o campeão do UFC Junior Cigano.

De acordo com o médico baiano, o futebol ainda representa uma ameaça maior ao joelho do que os esportes de luta.

“O futebol é muito mais perigoso. As lesões no futebol são mais comuns do que nos esportes de luta. O MMA tem um fator de proteção muito grande. As grandes lesões não acontecem no ringue, mas sim no treinamento. Mas estes [treinos] são instantes em que os atletas estão mais bem protegidos, não correm tantos riscos de sofrer uma lesão”, afirma Fabio Costa.

“Quantos chutes um lutador dá em um combate? É uma quantidade muito menor em 15 minutos de luta do que em 90 minutos de jogo. O risco do MMA é muito menor, a comparação é até esdrúxula”, acrescenta o médico que tratou o joelho de Cigano antes do duelo em que o brasileiro ganhou o cinturão dos pesados do UFC, em 2011.

Segundo Rene Abdalla, responsável Instituto do Joelho do HCor em São Paulo, as cirurgias do gênero em atletas de esportes de lutas têm uma particularidade específica. As incisões precisam ser feitas na lateral da articulação, diferentemente do que costuma ocorrer com jogadores de futebol.

“Existe uma particularidade. Temos que fazer as cirurgias pelos lados do joelho, e não pelo centro. Isso pelo fato da posição ajoelhado, comum nos esportes de luta. Se deixamos uma cicatriz ali, isso pode incomodar o atleta”, descreve Abdalla

Fonte: UOL