Redução da dor e interação do fisioterapeuta com o paciente andam de mãos dadas
Quantas vezes você já foi a um fisioterapeuta, onde você ficou mais tempo na sala de espera que o tempo de cara com o profissional?
De acordo com o fisioterapeuta PhD graduado da Universidade de Alberta, Jorge Fuentes, a forma de interação do fisioterapeuta com um paciente (verbalmente, por meio de contato visual, linguagem corporal e habilidades de escuta) é quase tão importante quanto o próprio tratamento.
“A forma como aplicamos o tratamento, hoje, não é a melhor abordagem “, diz Fuentes . “Essa pode ser a razão de as intervenções da fisioterapia terem um efeito tão modesto para os pacientes com doenças crônicas. Nós temos que levar esses fatores não específicos em consideração” .
Para sua tese de doutorado, Fuentes descobriu que a forma com que os fisioterapeutas interagem com os pacientes – comunicação aberta, escuta ativa, contato visual, expressões faciais, tom de voz – desempenha um papel importante na redução da dor. É a primeira vez que tais fatores não específicos de tratamento fisioterapêutico foram estudados em um estudo controlado randomizado.
No estudo, 117 pacientes com dor lombar crônica foram divididos em quatro grupos. O primeiro realizava eletroterapia e após, interação de cinco minutos com o fisioterapeuta que evitava contato visual e não se envolvia abertamente com o paciente. O segundo grupo recebeu o mesmo tratamento com eletroterapia, porém com maior interação na qual o fisioterapeuta passou todo o tempo da sessão (30 minutos) com o paciente e exibiu forte comunicação verbal e não verbal.
O terceiro grupo recebeu a interação limitada enquanto ligado à eletroterapia, mas o paciente não sabia que o dispositivo estava desligado – o que Fuentes chamou de tratamento “farsa” . Os pacientes do grupo quatro receberam maior interação, porém, com o mesmo tratamento simulado do terceiro.
Fuentes descobriu que os pacientes com maior interação e eletroterapia verdadeira relataram uma redução de três pontos na intensidade da dor em uma escala de 10 pontos, junto com um aumento de dois quilogramas em seus limiares de dor – resultados que ele considera clinicamente significativos.
O que foi surpreendente, disse ele, é que pacientes que receberam maior interação durante o tratamento placebo relataram, em segundo lugar, grande melhora na intensidade da dor e um aumento do limiar de dor ainda maior do que o grupo que recebeu tratamento real com interação limitada. O grupo que recebeu a interação limitada e um tratamento placebo relatou a menor mudança.
Fuentes diz que seus resultados são apenas o primeiro passo para entender a importância de considerar fatores não específicos e a otimizar o tratamento dos pacientes.
Fonte: Medical News Today