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16 jan 2014

Crianças obesas: mais vulneráveis à publicidade?

As crianças, particularmente as que têm excesso de peso, deveriam receber educação específica para melhorarem as suas competências relativamente à forma como interpretam a publicidade, são as conclusões de um estudo recente europeu.

Os hábitos alimentares, o peso e a perceção do próprio corpo contribuem para a forma como as crianças lidam com a publicidade de artigos alimentares. A literacia para a publicidade é a capacidade de reconhecer, compreender e avaliar a publicidade, o que constitui uma das competências mais importantes para o desenvolvimento das crianças como consumidores informados. Muitos estudos têm sido realizados nas últimas décadas tendo em vista o desenvolvimento desta competência.

A Organização Mundial de Saúde estimava que em 2012 existissem cerca de 170 milhões de crianças obesas no mundo inteiro. O número de crianças obesas tem vindo continuamente a aumentar e a maioria consome publicidade, especialmente através da televisão. Cerca de 40% da publicidade incide sobre produtos alimentares, com altos teores de sal, açúcar ou gordura, que são muitas vezes pouco ou nada saudáveis.

Os investigadores Julia Spielvogel e Ralf Terlutter da Universidade de Alpen-Adria, na Áustria, conduziram o seu estudo com base em inquéritos realizados a crianças com idades compreendidas ente os 7 e os 11 anos e que frequentavam três escolas primárias na Áustria. Foram utilizados como critérios de determinação dos níveis de literacia para a publicidade a influência do índice de massa corporal, a própria perceção do corpo e o impacto dos hábitos alimentares das crianças.

O modelo de pesquisa contemplava dez hipóteses. Os resultados dos inquéritos confirmaram oito dessas dez hipóteses.

Face aos resultados, Ralf Terlutter afirmou que “uma das perceções que adquirimos é que a autoestima das crianças, que é determinada, entre outras coisas, pelo índice de massa corporal e pela perceção do próprio corpo, afeta igualmente a literacia para a publicidade”.

Foi também constatado pelos investigadores que “de forma a prevenir o desfasamento cognitivo, as crianças que têm preferência por alimentos menos saudáveis correm o risco de desenvolver uma atitude menos cética em relação aos alimentos que vêm publicitados”.

Os autores do estudo concluem que estas crianças deveriam receber formação especial para a publicidade de forma a aumentarem as suas competências mediáticas relativamente ao consumo da mesma. Os pais não devem igualmente descurar o seu papel como fornecedores de modelos de boas práticas alimentares, como também como de educadores para a publicidade.

 

ALERT Life Sciences Computing, S.A.